A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina lança a quarta edição da sua Carta de Conjuntura e prevê grandes desafios para 2016. Além disso, o material traz o fechamento do ano de 2015, com destaque positivo para os dados do setor de turismo.Entre os pontos positivos levantados pela Facisc estão os dados relacionados ao turismo em Santa Catarina. A receita nominal obtida em atividades turísticas cresceu 1,4% no Brasil. Santa Catarina registrou a maior taxa de variação positiva (5,3%) em comparação à outros Estados brasileiros no setor de turismo. Os Estados de Pernambuco (-1,6%), Espírito Santo (-3%), Minas Gerais (-3,9%) e Rio Grande do Sul (-4%) registraram taxas negativas de crescimento.O mercado de trabalho foi outro dado considerado bom para o Estado. A taxa de desemprego no país fechou em 8,9% no terceiro trimestre de 2015. A maior taxa de desemprego registrada no País foi no Estado da Bahia (12,8%), enquanto a menor foi no Estado de Santa Catarina (4,4%).Pontos negativosA queda no crescimento da economia é o que mais preocupa o empresariado. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou -3,2% entre o período de janeiro a setembro de 2015 frente ao mesmo período do ano de 2014. “Para a série histórica a partir dos anos 2000, esse é o pior resultado desde 2009, ano em que a taxa negativa de crescimento foi de -1,9% analisa, o presidente da Federação”, Ernesto Reck.Segundo o índice de atividade econômica (índice composto por estimativas dos setores: agropecuária, indústria, comércio e serviços acrescidos de impostos sobre produtos) e que se constitui como uma prévia do PIB, no acumulado entre o período de janeiro a setembro de 2015, o Brasil registrou um crescimento negativo de -3,37% apontando uma retração econômica do país como já visto acima pela taxa efetiva do PIB para o mesmo período. Santa Catarina também registrou um resultado negativo (-2,03%) que demonstra que ao longo do ano de 2015 o estado surte um acompanhamento (mesmo que menor) da retração econômica como ocorre no país.”Os indicadores traduzem em números o que sentimos nos nossos negócios. O cenário macroeconômico está fortemente abalado, junto a um cenário político agitado, afetam diretamente as expectativas tanto de empresários bem como da população brasileira. As perspectivas para o fechamento do ano de 2015 e para o longo de 2016 não são das melhores. Não há sinais claros de que a curto prazo esse cenário se altere, e que nos deixará com alguns desafios para o ano que vem”, relata o presidente.Desafios para 2016O empresariado está preocupado e descrente diante de uma solução que traga benefícios já para o ano de 2016. Segue abaixo uma análise dos principais pontos da Carta de Conjuntura:Política – É preciso resgatar e/ou criar um ambiente favorável aos negócios. Diante de uma cenário conflituoso entre os governantes, e onde há uma grande divergência de forças entre as esferas políticas tem gerado um grande desgaste somado a escândalos de corrupção que contribuem significativamente na credibilidade das ações governamentais. Por consequência isso traz à tona um ambiente de incertezas, afetando sobretudo as expectativas e os níveis de confiança de todas as esferas da sociedade. Diante disso, como principal desafio para o ano de 2016 é então recuperar a governabilidade política brasileira, que em primeiro lugar já nos deixará com um clima mais favorável e mais transparente do ponto de vista de previsibilidade.Contas públicas – Desde meados de 2013 a condução da política fiscal brasileira tem perdido forças já dadas pelas chamadas “pedaladas fiscais” somadas a um baixo crescimento econômico, que foi deixando uma menor arrecadação tributária a cada mês que se passou. Hoje já temos um déficit nominal de -9,5% do PIB, com um déficit primário da ordem de -0,71% do PIB, sem também alguma previsibilidade de reversão desse cenário a curto prazo. Logo em 2016, essa questão será outro grande desafio para o ano e com certeza exigirá que esse problema seja tratado com muita cautela.Investimentos – A taxa de investimento na composição do PIB recuou nos últimos cinco anos de 20,6% para 18,1 %. Dessa forma será necessário administrar os investimentos em queda e o baixo crescimento econômico. O ponto positivo é que ela no ano de 2015 começou a ser discutida com mais veemência, tanto pelo lado de concessões bem como pelo lado de parcerias público-privadas. Porém, paralelo aos números, as expectativas negativas quanto ao futuro da economia brasileira, a falta de credibilidade na conduta da política no Brasil e a retração econômica tem acarretado essa queda generalizada da composição dos investimentos, ponto esse que deixa qualquer país vulnerável quando se tem um cenário em que é necessário obter a volta de um crescimento econômico.Inflação – Hoje já temos uma taxa de inflação próxima de dois dígitos e há previsões de que fechemos o ano de 2015 nesse patamar. Há sim um sinal de que os preços administrados (energia, transportes e combustíveis e entre outros), que até o início de 2015 estavam represados, não passarão por sérios ajustes em 2016 como o que ocorreu em 2015. Porém, há previsões de que a inflação feche o ano de 2016 ainda fora da meta inflacionária de 4,5% estipulada pelo Banco Central. Esse fator impacta sobretudo o nível de bem-estar da sociedade que há tempos não convivia diante de um cenário de inflação nesse patamar, sendo assim outro grande desafio a ser tratado em 2016.Reformas estruturais – Pouca infraestrutura de qualidade, carga tributária elevada, grande burocracia, entre outros fatores também compõem grande bloqueio frente à competitividade das empresas e persistem na economia brasileira ano após ano. Esses fatores estruturais também não podem deixar de participar do palco de debates incisivos e tão cruciais para o Brasil neste ano de 2016.